A FIPERJ – Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro, recentemente, lançou a publicação “Cerco Fixo Flutuante – uma arte de pesca sustentável”. O livro, que conta com relatos dos mestres do cerco e amplas imagens da arte pesqueira, traz um breve panorama da prática na Baia da Ilha Grande. Introduzida por imigrantes japoneses no início do século XX, o cerco é utilizado até hoje por dezenas de famílias caiçaras na região. Segundo levantamentos do órgão, existem 84 pontos em toda baia – 57 em Paraty, 25 em Angra dos Reis e 2 em Mangaratiba.
A técnica consiste em uma rede fixada em um local do mar próximo à costa. A abertura do petrecho permite a entrada do peixe, mas não a sua saída. Os pescadores visitam o ponto de duas a três vezes ao dia para a despesca. Como os animais se mantém vivo até o momento da puxada da rede, aqueles que não atingiram tamanho adequado são soltos. Eventualmente, cardumes inteiros que não alcançaram a fase adulta são liberados. Esse método seletivo caracteriza a sustentabilidade da prática.
Embora aparentemente simples, o cerco tem especificidades conhecidas apenas pelos mestres. A feitura da rede é uma delas. Poucos dominam a costura ideal para uma pesca eficaz. Os japoneses passaram seu saber para alguns companheiros de pesca e estes vão transmitindo a outros poucos os detalhes e segredos dessa intricada obra.
Esse e outros aspectos são abordados na publicação da FIPERJ. O trabalho é parte de uma atuação mais ampla da Fundação de Pesca sobre o tema, que conta, ainda, com um levantamento quantitativo e qualitativo dos cercos da Baia da Ilha Grande, com um programa de monitoramento das espécies (as capturadas e as devolvidas ao mar) e um relatório técnico detalhado. O propósito final da FIPERJ é contribuir e fomentar o reconhecimento legal dessa arte pelos órgãos competentes. “Apesar de quase um século de prática, o cerco fixo flutuante não é protegido pelos instrumentos legais, fato que deixa os pescadores à margem das políticas públicas de fomento e sem a real garantia do direito de pesca e uso deste modelo como atividade profissional”, aponta André Araújo, biólogo que está a frente do projeto e chefe do escritório regional da Costa Verde.
A publicação está disponível para download. Clique aqui: cerco_fixo_flutuante